Hoje chega ao final a campanha mais asquerosa de uma
eleição americana que já presenciei.
Em primeiro lugar, a escolha não será pela qualidade
dos candidatos, mas pelo menor vício. Será uma escolha pelo menos mau caráter,
menos corrupto, menos repugnante. Mesmo entre os apoiadores, quase ninguém
considera a Hillary ou o Trump grande coisa.
Pela primeira vez, âncoras e repórteres estiveram em
conluio com um dos candidatos (em geral a Hillary, uma vez que mais de 90% dos
jornalistas são de esquerda). A independência da imprensa foi às favas por
completo. Em vez de discutirem os verdadeiros desastres da política externa na
Síria, Líbia, Iêmen e agora Irã, limitaram-se a reportar papos de vestiário e
festinhas com orgia. E, também pela primeira vez, os esquerdistas ficaram
exclusivamente grudados na CNN, e os conservadores na FOX News.
A eleição está apertada, mas Hillary tem 2/3 de
chance de sair eleita amanhã. Porém, não se pode descartar uma surpresa na Flórida,
na Carolina do Norte, no Colorado e na Pensilvânia (o que garantiria a vitória
a Trump).
A disputa no Senado está ainda mais apertada. Hoje,
os Republicanos controlam o Senado, mas os Democratas têm boa chance de tomar o
controle (ainda que termine empatado em 50/50, o vice-presidente, mais
provavelmente democrata, tem o voto de minerva no Senado).
Hillary assusta muito porque é parte da elite que
bebe conselhos e embolsa grana de outros elitistas, que por sua vez optam por
nem tentar entender por que Trump tem várias dúzias de milhões de seguidores. Hillary
e sua trupe, em caso de vitória, devem agir na linha do "ganhamos mesmo, e
vamos aprofundar a imposição da agenda do politicamente correto e da
social-democracia à la francesa, e de
quebra vamos continuar menosprezando e ignorando o outro lado.".
O problema é que, por incrível que pareça, a
polarização estridente de hoje tende a piorar.
E uma piora aumenta as chances de um impeachment, cenário que mesmo hoje já se
pode enxergar ao longe. Pode-se chegar a um ponto de ebulição, dependendo de
quem Hillary nomear à vaga atual na Suprema Corte.
E Trump? Bom, este foi um candidato que estava em
último lugar há apenas um ano entre os dez pré-candidatos republicanos. Logo
após os ataques em Paris, e em especial em San Bernardino, a onda mudou. Obama
veio a público de imediato defendendo que "está com cara de ser um crime
no ambiente de trabalho". Hillary teve atitude similar. Trump, por outro
lado, disse "acho que devemos interromper temporariamente a imigração de
países muçulmanos até entender que diabos está acontecendo".
O americano médio deve ter pensado: "este cara
está dizendo exatamente o que penso". Trump tomou uma liderança que não
mais perderia. Em seguida, descobriu-se que os "criminosos" tinham
mesmo comprado uma passagem só de ida para o paraíso de Alá.
Trump não tem condições de ser um bom estadista, e
não tem boas políticas públicas em geral, porém entendeu o Brexit, e também
entendeu por que Angela Merkel está em maus bocados (a entrada de milhões sem a
devida checagem); sobretudo, entendeu que as elites ignoram o americano típico.
E este americano se pergunta: "quem vai me
proteger?"
Investidores, preparem-se.